É possível partir da icônica frase ”Não se nasce mulher: torna-se”, da escritora francesa Simone de Beauvoir, para entender o universo feminino atual. Empresárias renomadas trocam o impacto visual de um scarpin por sapatos confortáveis, sem que isso diminua ou invalide o que realmente importa: a sua trajetória.
Por muito tempo (sem excluir o que ainda se mantém hoje), as mulheres tiveram seu papel na sociedade moldado pelas estruturas impostas pelos homens. Códigos de vestimenta, comportamento e direitos, que agora passam a ser cada vez mais questionados, permitindo que cada uma se torne o que bem entender.
A relação histórica entre as mulheres e a moda
Nomes conhecidos da moda como Coco Chanel e Elsa Schiaparelli, ainda hoje carregados pelas respectivas marcas, são apenas exemplos da longa trajetória das mulheres com a moda. Chanel foi revolucionária ao trazer a calça para o guarda-roupa feminino, em uma época na qual a peça era exclusiva dos homens.
Em meados dos anos 70, as mulheres israelitas usavam roupas ”convencionais” da época, como vestidos coloridos, saias estampadas e com liberdade para se expressarem através das vestes. Com a imposição do islamismo e, consequentemente, como forma de exercer poder sobre os corpos femininos, surgiu a obrigação do uso da burca, que permanece até hoje.
Temas que pautam o consumo feminino de moda atualmente
Por um lado, a moda sempre esteve atrelada ao feminino, embora essa ideia venha sendo questionada mais recentemente. Conforme a própria moda reflete o tempo em que estamos vivendo, o que é certo e errado na hora de se vestir se torna uma variável pessoal e, de certa forma, amplia as possibilidades de as mulheres usarem a moda como linguagem.
Roupa de mulher é a que ela quiser
Se voltarmos um pouco mais no tempo, peças de roupas como espartilhos e o próprio sutiã eram parte da construção social do que uma mulher precisava usar para ser validada. Hoje, um corpo feminino usando um terno com gravata é algo elegante e empoderado, mas muito barulho foi feito para que isso fosse possível.
Não tire o batom vermelho
A então youtuber Jout Jout viralizou na internet poucos anos atrás com um vídeo intitulado ‘Não tire o batom vermelho’. De forma sutil, o conteúdo aborda temas como machismo, relacionamento abusivo e, claro, empoderamento. O batom vermelho é um dos itens de moda mais controversos e, por isso mesmo, reflete uma mulher segura de si mesma.
Donas do próprio corpo
Corpos femininos envelhecem, possuem diferentes tamanhos e formatos, e quando mostrados, não necessariamente significam um convite. Muito por conta das redes sociais e de inúmeros movimentos fora da internet, as mulheres conquistaram mais espaços, deixando de lado a obrigação de cumprir padrões e buscando autoaceitação.
Em um cenário no qual os filtros de redes sociais influenciam na quantidade de procedimentos estéticos, e no resultado esperado deles, o poder de escolha é fundamental. Usar maquiagem começa a ser um recurso para contribuir na autoestima e não como reforço interno de um padrão estético no qual é impossível chegar.
Autoexpressão libertadora
Muitas marcas ainda dividem as suas coleções e lojas em roupas para homens e roupas para mulheres. Se antes uma mulher devia seguir códigos de vestimenta específicos para ser vista como o esperado, atualmente, ela pode seguir o caminho oposto. O famoso ”look espanta homem” virou uma brincadeira nas redes, mas reflete como elas dão prioridade ao bem-estar e não em cumprir papéis já desconstruídos.